Rita Calypso - Sicalyptico

"Kinky you’re all that I’ve been thinking ofKinky take me inside and let the honey slideI need you kinky love"
Posso dizer que novamente, o nome me deixou curiosa. Mas não por ser excêntrico ou bonitinho. Um amigo tentou me empurrar Rita Calypso tantas vezes e eu resisti bravamente (quase) pelo simples fato de ter "calypso" no nome. Errei feio, demorei para conhecer uma jóia que nem se chama Rita. O nome da moça em questão é Ana Laan. Bem melhor que Rita Calypso, não? Puta nome de travesti-que-dubla-alguma-diva-perua. Sim, mas o som não é de travesti, nem um pouco.

Ana Laan tem uma das vozes mais doces, suaves de algodão-doce-cor-de-rosa que ouvi ultimamente. Eu não sou muito fã de vocais femininos mas ela me prendeu deliciosamente nas canções inspiradas no pop dos anos 60, na bossa nova, no martíni com cereja na beira da praia, passeio de mãos dadas com o amor, primeiro beijo, olhos brilhando, bolhas coloridas, balões no céu azul. Tudo lindo.

Seu primeiro disco, "Apocalypso", tem versões maravilhosas de gente como Nancy Sinatra, Bacharach, Ellen Dedrick (que era do Free Design) e as fez como se fossem verdadeiramente dela. Esqueci completamente da Nancy (e Pale Saints) cantando "Kinky love". Incrível.

Já nesse segundo disco, "Sicalyptico" (que em espanhol quer dizer "erótico"), Ana vem com um pouco mais de nostalgia e aquela sensualidade sessentista quase inocente. Suas versões de músicas como "It's Hard To Say Goodbye" e "Wailing of the Willow" são atemporais. Ana me traz um sentimento de intimidade. Não só com as músicas, mas com todo o clima que sua voz me passa e tudo mais que é feito com a maestria, perfeição e simplicidade que só as bandas da Siesta têm. Pop delicado, bem feito e com muito sentimento. Inúmeras vocalistas matariam por discos como esses.